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Método do Preço de Revenda de Preços de Transferência

Os Preços de Transferência, segundo as diretrizes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico — OCDE de julho de 2017.

Os Preços de Transferência, segundo as diretrizes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico — OCDE de julho de 2017, referem-se aos valores acordados em transações comerciais entre partes relacionadas, seja do mesmo país ou entre entidades em diferentes áreas jurisdicionais. Também abrangem transações com empresas localizadas em paraísos fiscais. Estes preços são significativos, devido à influência sobre a alocação de lucros entre várias secções de uma corporação multinacional e, portanto, nos impostos que cada nação pode arrecadar dessa entidade.

A análise dos preços acordados requer a seleção de uma metodologia, que inclui o preço comparável não controlado (CUP), o método do custo adicional (CP), o método do preço de revenda (PR), o método de divisão de lucros (PS) e o método da margem líquida transacional (TNM). Neste artigo, abordaremos o método do Preço de Revenda (PR).

O método PR determina o preço de aquisição de um bem de uma parte relacionada usando os dados do preço de revenda desse mesmo produto de um terceiro independente e uma margem bruta apropriada sobre as vendas (margem de preço de revenda do mercado). Se a margem do preço de revenda corresponder ao mercado, o preço de aquisição da parte relacionada também estará no valor do mercado.

Assim, se o preço de compra à parte relacionada for P, o preço de revenda ao terceiro for R e a margem bruta for M, então P= R*(1-M).

De fato, R não é conhecido e nem seria necessário conhecer P. Simplesmente compararemos a margem bruta do produto adquirido da parte relacionada e revendido ao terceiro M com as margens do produto adquirido de um terceiro e vendido a um terceiro pela mesma empresa testada (comparável interno) ou, alternativamente, a margem obtida por um terceiro com as vendas de produtos similares (comparável externo). Esta comparação indicará se a margem de revenda acordada está dentro da gama do mercado e, se for o caso, o preço de aquisição também será considerado preço do mercado.

Mostraremos a seguir uma ilustração prática da aplicação do Preço de Revenda:

Suponhamos que a empresa A compre um produto X de uma empresa relacionada B a um preço P e o revenda a uma empresa não relacionada C a um preço R, considerando uma margem bruta sobre as vendas M.

Por outro lado, suponhamos que as margens que as empresas independentes cobraram sejam M1, M2, M3, M4 e M5.

Os valores seriam: M=25%, M1=26%, M2=24%, M3=27%, M4=22%, M5=26,5%, R=70.

Com base nesses dados, concluiríamos que a gama interquartil com margens brutas estaria entre 24,0% e 26,5%, demonstrando que a margem de revenda aplicada pela empresa testada em relação ao produto adquirido da parte relacionada a 25%, estaria nessa gama, cumprindo o princípio do Comprimento do Braço.

Além disso, com a fórmula P= R*(1-M), o preço de aquisição P seria de 52,50.

Por outro lado, empregando o preço de revenda de R=70, as margens M1=26%, M2=24%, M3=27%, M4=22%, M5=26,5% e a fórmula P= R*(1-M), obteríamos os preços P1=51,80, P2=53,20, P3=51,10, P4=54,60 e P5=51,45.

Finalmente, com base nesses preços, poderíamos obter a gama interquartil encontrada entre 51,45 e 53,20, demonstrando que o preço de revenda referente à compra da parte relacionada 52,50, também estaria na gama do mercado. Esse último demonstra que fazer uma comparação direta das margens brutas permitiria verificar se o preço de aquisição está realmente na gama do mercado.

Após abordar a aplicação da metodologia do PR, analisaremos as principais desvantagens da sua aplicação.

Este método requer que a revenda do bem não tenha valor agregado, o que poderia distorcer o preço de revenda e a margem aplicada, necessitando de ajustes adicionais para uma aplicação correta.

Este método não é adequado para bens com intangíveis valiosos: Ele não se emprega quando a análise envolve qualquer bem com intangíveis valiosos. Por exemplo, se dois revendedores venderem produtos semelhantes e um deles for uma marca reconhecida mundialmente e tiver a tecnologia mais recente, ele certamente buscará um lucro maior, embora as tarefas e funções desempenhadas sejam as mesmas.

É necessário encontrar transações comparáveis conforme as disposições da OCDE: “Uma transação não relacionada é comparável a uma transação relacionada (ou seja, uma transação não relacionada comparável) para aplicar o método do preço de revenda, quando for cumprida uma das duas condições a seguir: (a) Nenhuma das diferenças (se houver) entre as transações comparadas ou as empresas que realizam essas transações, influencia significativamente a margem do preço de revenda no mercado livre, ou (b) Elas podem se ajustar adequadamente para eliminar os efeitos materiais que possam surgir dessas diferenças”.

A comparação das margens de revenda com empresas independentes é frequentemente mais difícil e menos precisa do que a comparação das margens de revenda da mesma empresa testada com relação a produtos adquiridos de terceiros para vendê-los a terceiros.

A análise do preço de revenda é mais precisa quando ocorre logo após a compra, uma vez que, se o momento da revenda for muito posterior, a margem obtida poderia incluir outros fatores, como sazonalidade, taxa de câmbio, variações no preço do produto, etc.

As práticas contábeis entre a transação analisada e as comparáveis poderiam complicar a aplicação do método, devido aos ajustes necessários aos custos considerados.

Concluímos, com base no exposto acima, que o método PR oferece uma ferramenta valiosa, especialmente para contextos com dados do mercado disponíveis e transações comparáveis entre partes não relacionadas, além da comparação menos exaustiva de produtos do que o método CUP (preço comparável não controlado) ao utilizar margens.

Por outro lado, a sua aplicação pode estar limitada em situações complexas que envolvam intangíveis valiosos, em que outros métodos poderiam ser mais adequados para determinar Preços de Transferência precisos e justos.

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